Consideram-se arte pré-colombiana as manifestações artísticas dos povos nativos da América espanhola antes da chegada de Cristóvão Colombo, em 1492. Tudo o que resta das grandes civilizações do período anterior à colonização do continente americano pelos europeus é sua "arte". Neste caso "arte" compreende objetos com funções definidas, em geral mágica ou religiosa, e também artigos simplesmente belos, criados para decoração. Fazem parte do universo artístico dessas civilizações tanto os templos e casas quanto as esculturas, relevos, pinturas, utensílios domésticos, objetos ornamentais, amuletos e tecidos. De autoria desconhecida, as obras são realizadas por artífices, cuja tarefa é transpor para os materiais (pedra, barro, metal etc.) padrões de representação predeterminados pelas crenças ou ciências de cada povo. Entre os estudiosos, a identificação, a interpretação e a comparação dos sistemas de representação dos povos ameríndios servem para classificá-los e decifrar um pouco de sua cultura como um todo.
Descobertas arqueológicas indicam que o homem está presente na América há pelo menos 20 mil anos. Contudo, são três as principais civilizações ameríndias conhecidas. A mais antiga, maia, surge na península de Yucatán, na América Central, por volta de 2.600 a.C., e ocupa a região mesoamericana. Quando os espanhóis iniciam a colonização da América, esse povo já se encontra em declínio. Bem mais recente, o império asteca inicia-se em 1376 e vai até 1521, quando Tenochtitlán, a capital do império, é conquistada e destruída pelos espanhóis, que sobre ela edificam a atual Cidade do México. A terceira maior civilização pré-colombiana, a inca, se desenvolve nos Andes, na América do Sul, nas regiões atuais do Peru, Bolívia, Equador, expandindo-se a partes da Colômbia, Chile e Argentina. Nota-se que esses três povos coexistem ou são precedidos e influenciados por culturas importantes, como aimará, chavín, mixteca, moche, nasca, olmeca, tolteca, teotihuacán, zapoteca e outras.
O período clássico da cultura maia ocorre entre os anos 300 e 900 d.C. Excelentes arquitetos, escultores e pintores, os maias são chamados de "intelectuais do Novo Mundo" por causa dos avançados sistemas numéricos e astronômicos, da escrita hieroglífica e de seu complexo calendário. Em esculturas e pinturas, utilizam tanto os padrões geométricos e zoomórficos estilizados quanto figuras humanas. O que pode parecer simples elemento decorativo, na verdade é a expressão dos sistemas lingüístico e numérico desse povo. Não conhecem a metalurgia e trabalham sobretudo com pedra e argila. Os exemplares mais significativos da pintura maia encontram-se em seus códices iluminados. Sabe-se que para eles toda cor é símbolo de algo (preta é a cor da guerra, amarela da fecundidade etc.) bem como a cada deus corresponde um algarismo. Itzama é o principal deus dos maias, considerado o criador do calendário, da escrita e do sistema numérico.
O povo maia se destaca pela organização de suas cidades e construções. Estas são edificadas ao redor de pátios e diferem conforme a função administrativa. Em geral são pouco elevadas e contrastam com os templos muito altos, construídos sobre elevadas pirâmides maciças de pedra. Esse material é cuidadosamente talhado, a fim de que as edificações tenham encaixes perfeitos. Os maias são responsáveis pela criação das "falsas abóbadas", utilizadas para cobrir corredores, quartos e jazigos. Todos os monumentos, templos e palácios são abundantemente decorados: esse povo tem horror a espaços vazios; em geral ornamentos e hieróglifos envolvem personagens representadas, e são compostos segundo um elevado sentido de simetria. O Palácio do Governador, em Uxmal (México), os templos, edifícios e esculturas monumentais das cidades de Copán (Honduras) e Tikal (Guatemala) estão entre as principais ruínas maias.
Os astecas, ou mexicas, herdam alguns elementos da cultura maia, como os templos edificados em plataformas sobre pirâmides. Também entram em contato com os toltecas antes de se instalar na margem ocidental do lago Texcoco, e fundar Tenochtitlán. A cidade é construída tanto em terra firme quanto em pequenas ilhas artificiais dentro do lago, historicamente conhecida como a "Veneza americana". O centro político, religioso e econômico é a construção chamada "Templo Maior". Povo guerreiro, o militarismo predomina em todos os aspectos da vida entre eles. Os principais deuses patrocinam as conquistas guerreiras; os ritos e a arte litúrgica envolvem o sacrifício de prisioneiros; as expressões plásticas insistem na iconografia relacionada com a guerra. Por isso, muitas das esculturas astecas têm ar macabro: é comum encontrar máscaras de crânios humanos decorados com barro ou crânios e cabeças de pedra com as órbitas vazias. As esculturas são sólidas, feitas em blocos maciços desbastados e de formas estilizadas. Os artistas e artesãos astecas têm grande habilidade manual: trabalham os metais e as pedras preciosas; dedicam-se à arte plumária e à fabricação de tecidos com motivos geométricos num rico colorido; executam pinturas murais e miniaturas em faixas de pele de veado ou feltro fino.
Os incas se desenvolvem em torno do lago Titicaca, na região dos Andes centrais peruanos. Iniciam processo de expansão e hegemonia em 1438 na capital, Cuzco, sul do Peru, dando origem ao império inca ou tawantinsuyo, em língua quéchua. Povo agrícola, os incas inventam o quipu, sistema contábil baseado em cordas de cores e tamanhos diversos, e não desenvolvem uma linguagem escrita. Na arquitetura dão preferência ao simples e funcional, sem muita decoração. Destacam-se pela organização e edificação das cidades (com plantas regulares em xadrez ou em forma oval), precedida por um trabalho de planificação e engenharia (utilizam principalmente técnica de encaixe de pedras para construir). Na cerâmica apreciam as formas puras trabalhadas com motivos geométricos e diversas cores. Os tecidos são ricos no colorido e decorados com desenhos estilizados. Sabem trabalhar com destreza o ouro e a prata, que utilizam na decoração de portas e muros ou como artefatos de adorno, e em objetos litúrgicos.
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