sexta-feira, 23 de julho de 2010

A Dança" de Henri Matisse



"A Dança", 1910.Óleo sobre tela, 260 x 391 cm.Museu do Ermitage
.No quadro encontramos representadas cinco figuras femininas (aparentemente), dançando nuas em roda de um eixo imaginário; uma colina ou um monte e o céu, ou talvez a água de um lago ou rio.Predominam duas cores primárias azul e vermelho (alaranjado) e o verde complementar. As cores criam silhuetas recortadas que se unem num equilíbrio entre o verde e o azul em contraste com o tom cálido. As cores criam unidade e possuem uma luminosidade própria, intensa, valem por si.O quadro exprime movimento e ritmo - derivado das formas arredondadas e volumosas das figuras que dançam. Estas figuras apresentam uma certa elegância (leveza de formas), assim como sugerem força corporal e muscular que impele ao movimento. As figuras transmitem energia.A figura inferior central, com posição oblíqua, funciona como o "veio de transmissão" do movimento em elipse, no sentido dos ponteiros do relógio, ritmado como que a marcar o tempo.O movimento e ritmo apontam para uma certa embriaguez (ou entusiasmo) dionisíaca, no sentido de uma libertação da dualidade humana (em relação à terra). Para o efeito contribui a cor vermelha (cor quente), que pode simbolizar o fogo que aspira ao alto, ou a força da vida, logo um culto iniciático, uma vertente divina; é essencial a tensão sugerida pelo tom cálido entre as cores frias (verde e azul).A fertilidade é sugerida pela cor vermelha dos corpos nus e pela figura central vertical, devido à forma do ventre."A Dança" de Matisse alude à obra de Igor Stravinsky "A Sagração da Primavera". Sob certo ponto de vista, a representação de figuras que dançam num frenesi embriagante e primitivo, em "A Dança" alude ao ritmo diabólico e demolidor de "A Sagração da Primavera".
“O Grito”, 1893 – Edvard Munch



. A obra apresenta uma figura andrógina num momento de profunda angústia e desespero existencial.
. O pano de fundo é a doca de Oslofjord, em Oslo, ao pôr do sol.
. O grito é considerado como uma das obras mais importantes do movimento expressionista e adquiriu um estatuto de ícone cultural, a par da Monalisa de Leonardo da Vinci.
. A fonte de inspiração de “O grito” pode ser encontrada na vida pessoal do próprio Munch, um homem educado por um pai controlador, que assistiu em criança a morte da mãe e de uma irmã.
. Decidido a lutar pelo sonho de se dedicar à pintura, Munch cortou relações com o pai e integrou a cena artística de Oslo.
. A escolha não lhe trouxe a paz desejada, pelo contrário.
. Envolveu-se com uma mulher casada que só lhe trouxe mágua e desespero.
. Em 1890, sua irmã favorita, (Laura) foi diagnosticada com doença bipolar e internada num asilo psiquiátrico.
. O seu estado de espírito está bem patente nas linhas que escreveu n o seu diário:
“Passeava com dois amigos ao pôr -do- sol- O céu ficou de súbito vermelho-sangue- eu parei, exausto, e inclinei-me sobre a mureta- havia sangue e línguas de fogo sobre o azul escuro do fjord e sobre a cidade- os meus amigos continuaram, mas eu fiquei ali a tremer de ansiedade- e senti o grito infinito na natureza”.
. Munch imortalizou esta impressão no quadro “O desespero”, que representa um homem de cartola e meio de costas, inclinado sobre uma vedação num cenário em tudo semelhante à sua expressão pessoal.


. Vemos ao fundo um céu de cores quentes, em oposição ao rio em azul de cor fria que sobe acima do horizonte, característica do expressionismo ( onde o que interessa para o artista é a expressão de suas idéias e não um retrato da realidade).
. Vemos que a figura humana também está em cores frias, azul, como a cor da angústia e da dor, sem cabelo para demonstrar um estado de saúde precário.
. Os elementos descritos estão tortos, como se reproduzindo o grito dado pela figura, como se entortando com o berro, algo que reproduza as ondas sonoras.
. Quase tudo está torto, menos a ponte e as duas figuras que estão no canto esquerdo. .Tudo que se abalou com o grito e com a cena presenciada está torto, quem não se abalou (supostamente seus amigos, como descrito acima) e a ponte, que é de concreto e não é "natural" como os outros elementos, continua reto.
. A dor do grito está presente não só no personagem, mas também no fundo, o que destaca que a vida para quem sofre não é como as outras pessoas a enxergam, é dolorosa também, a paisagem fica dolorosa e talvez por essa característica do quadro é que nos identificamos tanto com ele e podemos sentir a dor e o grito dado pelo personagem.
. Nos introjetamos no quadro e passamos a ver o mundo torto, disforme e isso nos afeta diretamente e participamos quase interativamente da obra.


. A obra apresenta uma figura andrógina num momento de profunda angústia e desespero existencial.
. O pano de fundo é a doca de Oslofjord, em Oslo, ao pôr do sol.
. O grito é considerado como uma das obras mais importantes do movimento expressionista e adquiriu um estatuto de ícone cultural, a par da Monalisa de Leonardo da Vinci.
. A fonte de inspiração de “O grito” pode ser encontrada na vida pessoal do próprio Munch, um homem educado por um pai controlador, que assistiu em criança a morte da mãe e de uma irmã.
. Decidido a lutar pelo sonho de se dedicar à pintura, Munch cortou relações com o pai e integrou a cena artística de Oslo.
. A escolha não lhe trouxe a paz desejada, pelo contrário.
. Envolveu-se com uma mulher casada que só lhe trouxe mágua e desespero.
. Em 1890, sua irmã favorita, (Laura) foi diagnosticada com doença bipolar e internada num asilo psiquiátrico.
. O seu estado de espírito está bem patente nas linhas que escreveu n o seu diário:
“Passeava com dois amigos ao pôr -do- sol- O céu ficou de súbito vermelho-sangue- eu parei, exausto, e inclinei-me sobre a mureta- havia sangue e línguas de fogo sobre o azul escuro do fjord e sobre a cidade- os meus amigos continuaram, mas eu fiquei ali a tremer de ansiedade- e senti o grito infinito na natureza”.
. Munch imortalizou esta impressão no quadro “O desespero”, que representa um homem de cartola e meio de costas, inclinado sobre uma vedação num cenário em tudo semelhante à sua expressão pessoal.


. Vemos ao fundo um céu de cores quentes, em oposição ao rio em azul de cor fria que sobe acima do horizonte, característica do expressionismo ( onde o que interessa para o artista é a expressão de suas idéias e não um retrato da realidade).
. Vemos que a figura humana também está em cores frias, azul, como a cor da angústia e da dor, sem cabelo para demonstrar um estado de saúde precário.
. Os elementos descritos estão tortos, como se reproduzindo o grito dado pela figura, como se entortando com o berro, algo que reproduza as ondas sonoras.
. Quase tudo está torto, menos a ponte e as duas figuras que estão no canto esquerdo. .Tudo que se abalou com o grito e com a cena presenciada está torto, quem não se abalou (supostamente seus amigos, como descrito acima) e a ponte, que é de concreto e não é "natural" como os outros elementos, continua reto.
. A dor do grito está presente não só no personagem, mas também no fundo, o que destaca que a vida para quem sofre não é como as outras pessoas a enxergam, é dolorosa também, a paisagem fica dolorosa e talvez por essa característica do quadro é que nos identificamos tanto com ele e podemos sentir a dor e o grito dado pelo personagem.
. Nos introjetamos no quadro e passamos a ver o mundo torto, disforme e isso nos afeta diretamente e participamos quase interativamente da obra.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

introdução ao desenho

Introdução ao desenho

1 - Características do desenho:
Diferente da pintura que usa a mancha para preencher superfícies com a cor, o desenho caracteriza-se pela representação gráfica de traços. O seu uso isolado ou na construção de formas, dependendo do propósito, pode gerar sobre uma superfície física ou em meios virtuais, imagens figurativas ou abstratas.



2 - O desenho quanto à forma
Como desenho, propriamente dito, pode ser reconhecido desde um simples risco ate configurações complexas. E ao desenhista não deve ser responsabilizada a obrigação de imitar unicamente a natureza visível com a perfeição esperada. O seu universo gráfico pode transitar pela figuração abstrata que habita a imaginação humana ou os motivos invisíveis, a olho nu, pertencentes a realidade microscópica. Em síntese, identificamos a forma do desenho em duas categorias a saber:
a) Desenho figurativo: Tem a finalidade de representar formas que reproduzem a aparência da realidade. Tanto as naturais quanto as criadas pelo homem. A sua execução pode ser a partir da observação, de memória ou de criação.
b) Desenho abstrato: Representação gráfica não figurativa que tem como motivo de referencia, formas orgânicas (formas da natureza) e geométricas (composição com linhas, planos e ou sólidos geométricos).
3 - Tipos de desenho
O desenho pode ter, como ponto de partida, vários enfoques. Há os que reproduzem o mundo real, outros que revelam a memória do seu autor e ainda os que são propostas originais de novas formas. Vejamos sobre cada uma dessas facetas nos três tópicos a seguir:
a) Desenho de observação: É a representação, na maioria das vezes figurativa, a partir da observação de um modelo se propondo a transferir para o papel de desenho sua forma, textura, iluminação, cor, etc., com auxílio de instrumentos de mensuração visual a distância ou medidas e cálculos mentais por meio da observação direta.
b) Desenho de memória: Representação gráfica que se espelha na forma de elementos da realidade visualizada anteriormente.
c) Desenho de criação: Apresenta configuração original. Pode ser obra da pura imaginação, abstração ou o resultado da combinação de outras formas já existentes, inspiradas nos elementos da realidade.

sábado, 22 de maio de 2010

Uma leitura do "Navio de Emigrantes"

Labirintos do Ser
História, Cultura & Memória. "... o que permaneceu incompreendido retorna: como uma alma penada, não tem repouso até que seja encontrada resolução e libertação." Sigmund Freud
Uma leitura do "Navio de Emigrantes".





















A cada vez que é apreciada, vista e revista, a pintura "Navio de Emigrantes" de Lasar Segall (1891-1957) provoca impressões das mais contraditórias. Sentimentos de desalento, fragilidade e melancolia e, ao mesmo tempo um tênue fio de esperança com relação ao futuro dessas vidas tão precárias, que planejam começar tudo de novo em meio à destruição e saudade. Este entrelaçamento de sensações perpassa a mente do espectador.

"Navio de Emigrantes" é constituído por um corte da proa de uma embarcação sobre um fundo verde ondulado representando o mar, e uma sutil linha branca separando os dois espaços. A proa do navio destaca-se por sua significativa forma oval. Elipse protetora e que ao mesmo tempo aprisiona mais de uma centena de pessoas empilhadas ao longo deste espaço, dividido por linhas diagonais. Vigas de poder ambíguo, que delimitam espaços e desconstroem as situações.

O artista evita tonalidades quentes, construindo um colorido triste e silencioso, em tons terra e areia, evocando a proximidade da terra, que ainda não pode ser avistada do navio, numa variedade de marrons, cinzas, ocres e amarelos. Composição sem contrastes violentos, destacando certa luminescência dos rostos rosados e tristes e uns poucos detalhes brancos e tonalidades mais claras nas roupas dos emigrantes (onde predomina a cor de terra) chegando a ensaiar uma tímida luminosidade. Todavia um tom sombrio prevalecerá neste palco de dramaticidade tensa, porém contida.

Nesse cenário estão casais, famílias com crianças pequenas, anciães. uma variedade de tipos e faixas etárias e pessoas solitárias, porém sobressaindo uma presença maior de figuras femininas e maternais, sempre presentes na obra de Lasar Segall. De qualquer formas todos estão tentando se acomodar da melhor maneira possível: ajoelhados, sentados no chão ou em cima de sua bagagem, acocorados, encostados na parede, apoiando-se em seus pertences ou, recostados nas poucas cadeiras que existem, deitados em lonas estendidas no chão, ou em camas improvisadas em cima de caixas... Tudo em meio de cordas, correntes, barris, caixotes e metais num ambiente soturno e insalubre.

Muitos estão em repouso, exaustos, outros debruçados na amurada esquerda do navio. Todos de cabeças baixas, com os olhos fechados, lábios cerrados e ombros caídos; expressões cansadas, combalidas e melancólicas.

Rostos tensos, corpos frágeis e arredondados, guardando uma certa tridimensionalidade escultórica. Apesar de tudo, sempre conservando certa delicadeza e serenidade estóicas; entranhados num sonho interior.

O que estão sonhando? Um mundo melhor, sem miséria, violência, "pogroms" e outras manifestações de intolerância? Um lugar para onde não estariam viajando de maneira forçada, apenas para salvarem suas vidas (tanto no aspecto físico, quanto espiritual), a conhecer um universo estranho, o outro de maneira desigual e humilhante, sem contato entre civilizações de forma igualitária e afetiva, desarmada de constrangimentos? Estariam com saudades de sua terra natal, que provavelmente jamais voltarão a ver? Ou estariam, em seu íntimo, lutando para esquecê-la? Dentro deste útero imenso, que mundo novo estaria sendo gestado e surgiria através de um parto difícil, porém inadiável...

A identidade de emigrantes une e dá coesão a todas estas pessoas. Universaliza, sem padronizar, todas as particularidades culturais e religiosas. Não devem ser vistas apenas como representação de um grupo étnico. Naturalmente a pintura possui caráter autobiográfico. A condição judaica do artista, perseguições políticas e religiosas que ele presenciou e sofreu nas primeiras décadas do século XX. Inspirado em experiência pessoal, anotações de viagens e numa série de gravuras de metal, feitas entre 1928 e 1938 sobre os vários ângulos deste tema e, que serviram de ensaio para esta pintura. Produzida entre 1939 e 1941, início da II Guerra Mundial, evoca um genocídio que já havia começado havia muito tempo e que sempre foi denunciado em sua obra. Entretanto "Navio de Emigrantes" universaliza o tema, sintetizando de forma contundente aspectos da experiência autoritária do começo do século XX.

Os emigrantes não estão coisificados, despersonalizados. Apesar da fragmentação e da ausência de privacidade que as linhas e o espaço impõem estes personagens anônimos possuem subjetividade, sofrem, desejam, sentem frio e fome, dor e alegria. Tentam manter uma sociabilidade possível, mesmo imersos em seu mundo interior, lutando para acordar de um pesadelo que parece interminável e não chegarem derrotados ao seu destino incerto. Um homem toca alaúde, introspectivo, quase sozinho, absorvido pelas melodias de sua terra natal. Entretanto, poucos parecem estar interessados em apreciar sua arte.

A proa do navio também pode evocar a metáfora de uma prisão, com suas grades compostas por enormes vigas de madeira em diagonais que delimitam arbitrariamente os espaços. Paradoxalmente sua forma oval, elíptica, também sugere a ideia de ciclo que se fechou, destino traçado, irremediável, cruzes que todos devem carregar , ou um novo nascimento em meio a esta provação. No canto esquerdo uma jovem (viúva, talvez?) puxa seu filho pequeno pela mão esquerda, enquanto encosta a outra mão em sua face cansada, buscando um apoio imaginário ou algum conhecido que se dispersou pela embarcação, cercada por duas vigas, está quase isolada das outras pessoas do navio por causa do cruzamento destas linhas.

O que dizer dos respiradouros, que apontam para várias direções como se fossem grandes olhos vigilantes e inquiridores. Um labirinto onde tudo remonta à mesma cena, onde quer que a pessoa mire os olhos. Sugere um porão que o artista "elevou" ao convés para dar maior visibilidade à cena.

Dessa forma, a pintura é construída através destes fragmentos, os grupos de emigrantes, arrumados em forma piramidal, denotando certa verticalidade, a exemplo de suas escultural, que se unem num todo maior, em diversos níveis que coexistem. Várias fases e técnicas de sua obra se sobrepõem. Convivem a precisão dos vários estilos de gravura, a tridimensionalidade de sua escultura, a síntese geométrica de sua paisagem, numa linguagem que manteve-se fiel aos seus ideais políticos e estéticos.

Mostrando uma visão crítica da modernidade, embora não pessimista e desesperada, enfatizando os aspectos humanos, a desagregação, a miséria que por vezes ela pode provocar, apesar de seu projeto emancipador, que o autoritarismo e tecnocracia, seus filhos bastardos, interromperam. Uma chama de esperança luta para se manter acesa, sustentando-se num frágil equilíbrio, entre medo e destruição e possibilidades de renascimento e reconstrução.

É um documento que permite várias leituras, para as pessoas de nossa sociedade pós-moderna o "Navio de Emigrantes" coloca questões diferentes das que foram feitas para a sociedade brasileira da década de 1940, embora mantenha alguns pontos de contato, como luta contra o autoritarismo, a censura e a miséria, movimentos pela democracia e justiça social, as formas de percepção e engajamento são diferentes em nossa contemporaneidade fragmentada, contudo igualmente desigual e excludente para com as diferenças , como em outras épocas, frente aos seus persistentes e questionadores errantes.

Agora tenho um blog!!!!

Neste blog irei colocar minhas obras de arte, os trabalhos de meus alunos, vídeos e imagens relacionadas à arte. Aguardem!!!