quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Alex Vallauri


Alex Vallauri e o inicio do graffiti no Brasil


Sem dúvida, Alex Vallauri (1949-1987) é considerado um dos maiores percursores da Arte Urbana no Brasil!
Grande utilizador de stencil e da rua como um dos principais suportes para o seu trabalho!
Alex veio para o Brasil (cidade litorânea de Santos – onde treinou a técnica da gravura retratando as pessoas no porto de Santos – e mais tarde para a capital paulista) com a família no ano de 1965. Formado em Comunicação Visual pela Fundação Armando Álvares Penteado (instituição em que alguns anos mais tarde ministrou desenho). Em 1975 foi se especializar em Artes Gráficas no Litho Art Center na cidade de Estocolmo, na Suécia.Retornando ao Brasil em 1977, deu continuidade aos grafites em espaços públicos, desta vez nos muros de São Paulo. Ao mesmo tempo estudou novas maneiras de aplicações de gravura, como a xerografia.
Pioneiro na arte do graffiti no Brasil, Alex usou outros suportes além dos muros urbanos; estampou camisetas, bottons e adesivos. Para ele, o graffiti é a forma de comunicação que mais se aproxima do seu ideário de arte para todos.
Seu interesse por objetos kitsch fez com que, em meados dos anos 1970, passasse a fotografar painéis de azulejos, pintados nos anos 1950 e colados nas paredes de restaurantes de São Paulo. Seus registros fotográficos resultaram no vídeo Arte para Todos, mostrado na Bienal Internacional de São Paulo em 1977.
Para outras documentações envolvendo a decoração kitsch passou a observar e registrar embrulhos de papel de confeitarias, padarias e outros tipos de comércios. Iniciou uma coleção de carimbos de uma fábrica com desenhos da década de 1950. Totalizando uma coletânea de 400 carimbos, Vallauri compôs suas obras utilizando esses carimbos em outras novas técnicas experimentadas por ele.
As imagens apresentadas em seus trabalhos eram de simples e rápido entendimento, pois ele acreditava que uma vez expostas em meio ao caos da cidade, as imagens deveriam ser de imediata compreensão.
No final dos anos 1970, o graffiti de uma bota preta, de salto fino e cano longo, foi um dos trabalhos do artista – produzido e inserido na paisagem urbana – no anonimato. Na mesma época, enviou para artistas e amigos uma seqüência de postais manufaturados que consistiam em cópias de cartões postais, contendo edifícios históricos da cidade, com a intervenção do carimbo da bota preta sobreposto aos arranha-céus e com frases sobre a invasão da bota na cidade.
Apropriou-se também de imagens das histórias em quadrinhos e da história das artes.
Entre 1982 e 1983 foi para Nova Iorque para estudar artes gráficas no Pratt Institute. Voltando ao Brasil, passa a dar aulas na FAAP. Participou da 18ª Bienal de São Paulo, em 1985, com uma instalação, e seu trabalho mereceu retrospectiva no Museu da Imagem e do Som em 1998. Morreu no dia 27 de março de 1987.
O vídeo a seguir mostra trechos do momento de sua vida em que estava realizando o trabalho de “A Rainha do Frango Assado”, que foi também tema da instalação da 18ª Bienal Internacional de São Paulo(1985). Reparem no último recado que ele deixa!
“…Alex Vallauri e eu nos conhecemos no início da década de 1980 quando ele estava vivo e morava em Nova York seu estúdio dava vista para Tompkins Square Park.
Alex era um homem humilde, e certamente não é um tipo de auto-promoção.
Quando ele saiu de NYC para visitar família dele em São Paulo, ele não estava se sentindo bem, e através da nossa língua barreira eu tentei explicar que ele poda estar apresentando sintomas da misteriosa nova doença ‘gay’, o HIV.
Com seu sintomas atribuídos à inalação dos vapores de tintas spray, Alex se tornou progressivamente doente, e escrevia cartas para mim descrevendo sua vida de volta no Brasil, e como o seus ‘tratamentos médicos’ foram indo. A sua última carta, escrita por ele e por um amigo, porque sua visão foi afetada, foi datada de 27 de dezembro de 2006. Nela, ele escreveu que ele estava esperando para ser coima em seis meses. Foi exactamente seis meses mais tarde, em seu aniversário, 27 mar, que ele faleceu.
Hoje 27 mar é um Dia Nacional de Graffiti Arte no Brasil. A morte por HIV de Alex foi o catalisador que permitiu que houvesse discussão aberta no Brasil, assim como o Rock Hudson nos EUA.
Eu não tinha entendido que Alex foi considerado importante na transformação da rua vandalismo em uma forma artística superior, e que sua arte foi avaliado pelo críticos de arte.
Foi cerca de 15 anos após a sua morte que durante a conversa na Internet com um estudante de belas artes de São Paulo, eu perguntei: “Você já ouviu falar de um artista chamado Alex Vallauri?” Ele respondeu, “Você está brincando, certo? Isso seria como me perguntando se você nunca ouviu falar de Andy Warhol!”…”
Estes são relatos de Braian Halphman, que foi amigo de Alex

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